domingo, 14 de fevereiro de 2010

Culto ao caos

Em época de carnaval é muito comum participarmos de encontros da igreja ou nos retirarmos para um local mais afastado da bagunça, como uma casa de praia. No entanto, ontem resolvemos dar uma volta na avenida Beira-mar, aqui em Florianópolis. A impressão que dava era que havíamos saído de um bunker, depois de muitos anos, e encontrado um mundo diferente. Eram pessoas desmaiadas no chão e em bancos, homens vestidos de mulher, jovens fumando maconha, gritos por todos os lados, casais brigando em público... Demos meia volta e voltamos para casa.

No carnaval, dizem, tudo é permitido: adultérios, uso de drogas e outras baixarias que, em dias comuns, pelo menos são feitas com mais discrição. Dias anteriores, estava lendo um livro de Rushdoony, onde ele fala sobre o culto ao caos do mundo antigo. No momento em que vi as cenas de depravação, lembrei do texto, que, na minha opinião, encaixa-se perfeitamente com o que é “comemorado” nesta época do ano.

Diz Rushdoony:

[...] Estamos retrocedendo aos cultos ao caos que marcaram o mundo antigo.

[...] Um desses cultos ao caos que nos é familiar a partir do mundo greco-romano era as Saturnais. A moralidade era muito rigorosa naqueles dias, mas uma vez por ano, por um período de dias - às vezes uma semana: em algumas culturas, dez dezenas - toda a lei era subvertida. Um condenado era trazido do cárcere e entronizado como rei, a ponto de possuir a rainha. As leis contra a bestialidade, o incesto e toda espécie de perversão eram subvertidas. Só uma lei ainda vigorava, a de que os padeiros tinham de trabalhar o suficiente todos os dias para produzirem comida para a população.

Isso decorria da crença greco-romana de que toda a criação surgira do caos e que, portanto, o poder, a energia e a graça estavam presentes no caos. Na liberação anual do caos, esse poder era drenado e invocado, para que uma onda de processão jorrada dos mananciais do ser corresse através da sociedade e lhe concedesse vitalidade para um outro ano.


4 Comentários:

Jair Kunzler disse...

Estivemos na praia do Santinho no sábado, muito bom e sossegado. Mas ao retornarmos na rodovia para a praia dos ingleses, fomos impedidos de prosseguirmos a viagem porque uma turma de "homens" vestidos de mulher resolveu comemorar o carnaval ali, no meio da rua. Foi necessária a ação da polícia para tirar a turma da rodovia. Lamentável. A inversão de valores está cada vez mais evidente e forte. Nesse período do ano, a melhor forma de preservar nossos olhos desses absurdos é ficar em casa ou então participar de algum retiro. Na rua está impossível!

Gabriel Moreira disse...

Eu fiquei em casa e não vi nada, aliás, vivi uma quietude impossível de se obter em outros dias do ano.
Gostei do seu comentário sobre as Saturnais, não sabia disso.
Agora é aquela coisa, é dificil exigir moralidade e bons costumes de pessoas que não tem a mesma fé que a gente. Mas quando a questão é segurança publica não tem fé que justifique alguém.

Gabriel Moreira disse...

Ah, me desculpem...eu moro na praia dos Ingleses.

Saulo R. do Amaral disse...

Opa, Ingleses! hehe! Estava aí na segunda-feira. Quanto ao comportamento das pessoas, é mais com relação à ordem pública mesmo. E, claro, não podemos esperar que essas pessoas não-regeneradas se comportem como cristãos, mas quanto à exigência, a lei de Deus serve para todos, crentes ou não. O padrão é o mesmo. Abraço!

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