sexta-feira, 17 de julho de 2009

Por que a Lei foi dada?

Por John Piper
Tradução: Saulo Rodrigo do Amaral

Um dos meus grandes desejos para a nossa igreja é o de que sejamos um povo que entende a Lei de Deus e a cumpre no Espírito de amor. A lei que Deus deu a Moisés no Monte Sinai, poucos meses depois de trazer o povo para fora do Egito, foi vítima de algumas más impressões no passado, por algumas centenas de anos. A minha opinião é a de que existe muita confusão em nossa mente quando lemos por um lado Romanos 6:14: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”, mas, por outro lado, Romanos 3.31: “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei”.

Os equívocos quanto à Lei Mosaica

Parte da nossa confusão é causada pelo simples fato de que a palavra “lei” no Novo Testamento tem, pelo menos, três diferentes significados quando usada em diferentes contextos. Pode referir-se ao Antigo Testamento inteiro, como em Romanos 3:19 (onde as citações precedentes vêm dos Salmos e dos Profetas). Pode referir-se à parte do Antigo Testamento, como quando Jesus disse: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.” (Mateus 5.17). Especificamente, pode referir-se à parte do Antigo Testamento escrito por Moisés, os cinco primeiros livros, chamado de Torá. Por exemplo, Jesus disse em Lucas 24.44: “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse... Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos”. O terceiro significado da palavra “lei” diz respeito não a uma parte diferente do Antigo Testamento, mas ao Antigo Testamento entendido de uma maneira diferente. Veremos logo à frente o quanto Israel distorceu a Lei Mosaica em legalismo. Isto é, eles a separaram de seu fundamento de fé, falharam em enfatizar a dependência do Espírito, e, assim, transformaram os mandamentos em uma descrição de como merecer a salvação. Isso é legalismo. Mas não existe uma palavra grega para “legalismo”, então, quando Paulo queria aludir a essa distorção da Lei Mosaica, ele usava frequentemente a expressão “obras da lei” (ex. Romanos 3.20; Gálatas 2.16, 3.2,5). Veremos que isso não significa: vocês não devem guardar a Lei. Significa, sim, que você não é motivado a fazer isso como uma maneira de merecer a sua salvação. Então, toda vez que você ler a palavra “lei” no Novo Testamento, pergunte-se: isso é o Antigo Testamento, os escritos de Moisés ou a distorção legalista dos ensinamentos de Moisés? Isso nos guardará de dar essa má impressão à Lei Mosaica, quando, na verdade, é a distorção legalista da Lei que deveria ganhar má impressão.

O que gostaria de fazer nesta manhã é defender Moisés da disseminada acusação de que ele ensinou uma forma diferente de salvação e santificação da ensinada no Novo Testamento, isto é, “pela graça sois salvos, por meio da fé... Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8,9). Sei que dificilmente alguém diz que Deus salvou pessoas de forma diferente no Antigo Testamento. Mas, muitos estudiosos da Bíblia dizem (ou deixam implícito) que a Lei de Moisés oferece uma forma diferente de salvação da que é oferecida no evangelho. Isto é, virtualmente todos concordam que todos os que foram justificados no Antigo Testamento o foram pela graça, por meio da fé; era um dom de Deus. Mas muitos ainda dirão que a Lei não chamava o homem a ser justificado dessa forma, mas os chamava a tornarem-se merecedores da benção de Deus por meio das obras e, assim fazendo, mostrava aos homens a sua total inabilidade e os conduzia ao Salvador.

Ou, para colocar de outra maneira, muitos que ensinam a Bíblia argumentarão que a aliança Mosaica (feita com Israel no Monte Sinai) é fundamentalmente diferente daquela feita com Abraão (feita antes) e da Nova Aliança (estabelecida no calvário), debaixo da qual vivemos. A diferença, dizem eles, é esta: na aliança feita com Abraão e na Nova Aliança a salvação é prometida de graça para ser recebida por fé à parte das obras da Lei. Mas, debaixo da aliança Mosaica, a salvação (ou a bênção de Deus) não é oferecida de graça pela fé, mas, antes, é oferecida como uma recompensa pelas obras da Lei. Visto que apenas obras perfeitas poderiam merecer a salvação de um Deus santo e perfeito, e que ninguém pode conseguir isso, a Lei apenas nos faz cientes de nosso pecado e miséria e anuncia a nossa condenação. Talvez essa seja a visão mais popular acerca da Lei Mosaica na igreja hoje, e está errada. Ela faz de Moisés um Fariseu legalista, transforma a Torá na mesma heresia que Paulo condenou na Galácia, e (o pior de tudo) faz de Deus o seu próprio inimigo, ordenando aquele povo a tentar merecer Sua bênção (e, assim, exaltar a si mesmo) em vez de descansar em Sua misericórdia toda-suficiente (e, assim, exaltá-Lo).

Tentarei defender Moisés desse equívoco dando a vocês, em poucas palavras, uma teologia bíblica da Lei. Esse é um tópico enorme, mas, se nos esforçarmos juntos neste pequeno esboço, podemos plantar essa semente na nossa mente até que ela cresça e vire uma grande árvore de discernimento. Aqui está o que eu farei: mencionarei os cinco pontos que quero expor, então voltarei e darei a base bíblica para cada um deles, para depois resumi-los todos em seguida. Fecharemos cantando a beleza da Lei de Deus com o Salmo 19.

Primeiro: a Lei é cumprida quando amamos nosso próximo. Segundo: o amor é o resultado da autêntica fé salvífica. Terceiro: portanto a Lei não chama por obras meritórias, mas por obediência que flui da fé. Quarto: sendo assim, devemos obedecer os mandamentos do Antigo Testamento da mesma maneira que devemos obedecer os mandamentos do Novo Testamento – não para merecermos o favor de Deus, mas porque nós já dependemos de sua livre graça e confiamos que seus mandamentos conduzirão à completa e duradoura alegria. Quinto: devemos ter prazer na Lei de Deus, meditar nela de dia e de noite, e cantar sobre o seu valor para todas as gerações.

Para ler o artigo completo, altamente recomendado, clique aqui.

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John Piper - Por que a Lei foi dada?
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3 Comentários:

Marcello de Oliveira disse...

SHALOM!

1. Haver Fabrício, parabéns por disponibilizar esta pérola bíblica do Dr. John Piper. Alguém já disse:

"A Bíblia é a biblioteca do Espírito Santo"

Nele, Pr Marcello de Oliveira


P.s > Visite meu blog:

http://davarelohim.blogspot.com/ e veja o lançamento do meu livro:

Mensagens que Transformam

otdx disse...

Olá Marcello,

Como está no corpo do texto, a tradução é do Saulo, outro dos administradores do blog.

Graça e Paz!

Paulo Oliveira disse...

Gostei muito desse texto - DEUS bençoe a todos vocês - em Cristo,

www.paulojuniodeoliveira.blogspot.com

abraços.

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