quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Tocar a Cristo

A alusão à uma experiência prática pode ser de ajuda. Permita-me relatar um pouco de minha experiência pessoal. Há vários dias, algo aconteceu na casa de um irmão. Sendo cristão, eu desejava ser compassivo e achei que deveria visitá-lo. Assim, poderia ajudá-lo compartilhando com ele algum sentimento pessoal e, talvez, livrá-lo de vários problemas no futuro. Então fui visitá-lo. Entretanto, a medida que andava ficava mais e mais frio por dentro, até o ponto em que meu espírito ficou completamente sufocado. Imediatamente percebi que, o problema era que eu mesmo estava querendo agir de forma piedosa. Estava tentando praticar um ato de amor para com o irmão e, no entanto, já havia tocado a morte. O ato era correto, estava certo, porém não era Cristo, mas eu quem o fazia. Qual seria a conseqüência se eu empreendesse essa tarefa? A resposta é: morte e frieza interior. Posso ter iniciado uma ação recomendável, mas não fui de encontro a vida. Sem dúvida era um ato de compaixão, no entanto, não pude encontrar o Senhor nesse ato. Tudo o que se poderia dizer é que eu havia sido compassivo. Permita-me reiterar que, cada vez que você toca a Cristo e não em uma conduta, você toca a vida. Se você apenas ficar na esfera da conduta, certamente morrerá, pois é você quem está agindo. Temos que entender que cristianismo é Cristo, e que a vida de um cristão também é Cristo. Não empilhe uns milhares de itens e olhe para essa pilha como se fosse a vida cristã. Se você fosse capaz de ajuntar todas as “humildades” da terra e agrupar dezenas de milhares de outras boas características, ainda assim não poderia criar um cristão. Seria apenas um amontoado de "coisas", em vez de Cristo. Há alguns anos, esforçava-me a todo custo para evitar que outras pessoas se sentissem embaraçadas ou magoadas. Não gostava de ter que expor os delitos dos outros; não deixava as pessoas saírem de minha casa sentindo-se feridas e relutava muito para não envergonhar a quem quer que fosse. No entanto, freqüentemente sentia morte, morte instantânea, sem qualquer toque de vida ao tentar ser uma pessoa boa e gentil para com algum irmão. A explicação para isso é simples: essa gentileza era o mero produto de meus próprios esforços. Não era Cristo e portanto, eu morria instantaneamente. Era como se tocasse num corpo morto. Estava enfraquecido interiormente. Não havia mais forças em mim, e assim estava acabado interiormente. Esse, então, é o ponto essencial de toda a questão. Na medida em que vivemos diante de Deus, experimentamos morte quando apenas buscamos uma virtude. Se o que temos é meramente uma virtude, imediatamente tocamos a morte, porque Cristo não está ali. Se tocássemos a Cristo, imediatamente entraríamos em contato com a vida, pois Ele mesmo é a vida.

Watchman Nee

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